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Cuidado, caro leitor! Às vezes, uma frase, texto ou foto - postados de maneira ingênua na internet - podem dar margem a todo tipo de especulação. Em último caso, podem ser motivo de uma verdadeira tentativa de linchamento moral, aliada ao desejo mesquinho de prejudicar profissionalmente quem os publicou.
Foi mais ou menos isso que aconteceu com o oficial de justiça Jonnay Alves, que no ano passado postou uma foto no facebook segurando uma metralhadora de propriedade da PM, fazendo pose de "pai ciumento". A imagem foi retirada da internet após uma amiga de Jonnay Alves comentar que não gostava de ver armas nem em brincadeiras.
Apesar de todos terem entendido o contexto, nada mais adiantava: uma falsa polêmica já estava criada. Aproveitando o deslize de Jonnay Alves, a canalha oposicionista local - descontente com as críticas demolidoras que o oficial de justiça costuma fazer a seus representantes na mídia e no parlamento - partiu com tudo para tentar desqualificá-lo perante a opinião pública.
Imediatamente, uma trupe formada por blogueiros, primatas defacebook e parlamentares passou a ecoar maliciosamente o assunto, dando a um fato despretensioso repercussão maior do que aquela que ele realmente merecia. Jonnay Alves, então, foi acusado de ameaça e porte ilegal de arma. O objetivo era passar a imagem do oficial de justiça como uma pessoa perigosa, irresponsável, maluca ou até mesmo delinquente.
Não tardaram, pois, as mais diversas reações. Muitas delas vieram sob a forma de comentários absurdos e julgamentos precipitados, quase todos moldados numa ótica falso-moralista, sem dar direito à defesa e ao contraditório. Para esses justiceiros, Jonnay Alves - funcionário exemplar, sem nenhuma mácula em sua vida pessoal ou profissional – deveria ser exonerado. Posto fora de circulação. Quem sabe, ser até preso.
Ora, caro leitor, qualquer observador mais atento poderia enxergar a evidente manipulação política por trás disso tudo. Porém, devido à grande repercussão obtida após a divulgação do fato em blogs de São Luís, a juíza da Comarca de Vargem Grande, Lorena Brandão, resolveu instaurar procedimento administrativo para verificar se houve ou não ilícito nesse âmbito e, assim, acabar com as especulações.
O resultado foi que a Corregedoria do TJ - após realizar sindicância em que foram ouvidos servidores da Comarca, policiais militares e terceiros, além de colhidas provas documentais (incluindo o histórico funcional de Jonnay Alves) - atestou que “tudo não passou de mera brincadeira e que o oficial de justiça em nenhum momento pensou que poderia atingir qualquer pessoa; que a foto foi tirada fora do seu horário de trabalho, na presença de policiais, e a arma pertence à PM”.
A comissão sindicante também concluiu que o servidor Jonnay Alves “cumpre suas atividades de forma satisfatória, é assíduo e não há qualquer reclamação que desabone sua conduta; que não encontrou qualquer infração que pudesse ser imputada a Jonnay, faltando justa causa para abertura de processo disciplinar”. Como se vê, a Corregedoria do TJ chegou a uma conclusão racional e justa a respeito da conduta do oficial de justiça. Resta apenas a decisão do juiz responsável pela Comarca onde Jonnay Alves trabalha, que certamente também será racional e isenta.
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Pois é, senhores, na democracia é assim. E ainda bem que é assim, não é mesmo? Ainda bem que existem instâncias com legitimidade e competência para investigar e dar o seu parecer. Se fôssemos nos guiar somente pela gritaria dos canibais, Jonnay Alves estaria fora do emprego, humilhado e com a reputação manchada. Agora ele pode continuar seguindo sua vida normalmente. De cabeça erguida, consciência tranquila e pena afiada. Quem tiver seus podres que se cuide.
Ivandro Coêlho, professor e jornalista.
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