São bandidos, mais do que os outros. Cadeia neles!
Depois de milênios em conflito, Deus e o Capeta resolveram promover a paz universal e eterna no universo. Decidiram que para evitar a continuação de conflitos e desgraças, melhor seria construir uma ponte entre o Céu e o Inferno. Assim estariam prevenidos e garantidos. A combinação foi de que cada lado se encarregasse de metade da ponte. Logo o Capeta lançou-se na sua empreitada, mobilizando legiões de diabinhos e cumprindo rigorosamente o cronograma das obras. Quando olhava para cima, no entanto, via que nada estava sendo feito. Preocupado e tendo quase completado a sua obrigação, pediu uma audiência para reclamar. Afinal, meia ponte não resolveria nada em prol dos objetivos combinados...
O Padre Eterno ouviu calado as críticas sobre sua inação, mas no final falou: “quer saber porque não iniciamos nossa parte da ponte? Por culpa sua! Aqui no Céu não encontramos um empreiteiro sequer, para contratar. Você levou todos para o Inferno!”
A anedota se ajusta bem à realidade que vivemos. Presos ou temerosos da prisão, não haverá um só empreiteiro, grande ou pequeno, contratado ou não pela Petrobras, que deixe de ser chamado a prestar contas, demonstrando sua lisura ou merecendo queimar até o fim dos tempos. O corpo técnico das empreiteiras é excepcional. Seus engenheiros, planejadores, mestres de obras e operários fazem milagres em matéria de hidrelétricas, portos, pontes, túneis e tudo o mais que envolva obras públicas e privadas. O diabo (com perdão de nosso personagem citado acima) são certos donos. Proprietários das empresas, pelo berço ou por malandragens, ávidos de multiplicar suas contas bancárias e seu poder. Responsáveis por uma injusta generalização.
É mentira dizer que não sabiam o que seus operadores faziam em matéria de superfaturamento, aditivos contratuais, propinas e compra de políticos e de altos funcionários do governo. Bobagem igual, só a do Lula ao proclamar que não tinha conhecimento do mensalão, ou da própria Dilma, para quem foi uma surpresa verificar a lambança na Petrobras.
Sendo assim, cabe ao Poder Judiciário descer no fundo do poço. Identificar não apenas os responsáveis formais, testas de ferro, subalternos ou sabujos. Assim como estão condenados os dirigentes e artífices da Petrobras na promoção da roubalheira, da mesma forma como vem sendo conhecidos os políticos envolvidos no roubo dos recursos nacionais – é hora de cair em cima dos verdadeiros beneficiários do maior assalto aos cofres públicos jamais registrado na história da República. Importa menos se através de expedientes e de circunlóquios administrativos e jurídicos, o nome deles sequer aparece nos balanços e prestações de contas a eles mesmo, como acionistas principais. São bandidos, mais do que os outros. Cadeia neles! Claro que sem deixar submergir as empreiteiras, cujas estruturas são competentes e essenciais. Intervir para afastar esses parasitas não é apenas dever da Justiça. É obrigação da nação. Por certo que existem empreiteiros sérios, honestos e merecedores dos aplausos gerais. Serão eles, em especial, os mais beneficiados com essa limpeza imprescindível.
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