O depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras nos governos Lula e Dilma, preso na Operação Lava-Jato, abalou o mundo político neste sábado. A notícia de que ele revelou um novo esquema de caixa paralelo para financiar partidos e citou o nome de políticos que teriam recebido propina teve repercussão imediata na campanha eleitoral.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa está depondo em Curitiba, onde está preso, em troca de uma possível redução de pena. Acertou com o Ministério Público um acordo de delação premiada, em que conta tudo o que sabe, e depois, se a Justiça verificar que falou a verdade, recebe o benefício. Até agora, revelou um suposto esquema de propina envolvendo políticos.
Reportagem publicada neste sábado pela revista Veja trouxe o que seriam os primeiros nomes citados por ele. Segundo a revista, há três governadores, um ministro e pelo menos 25 deputados federais e seis senadores citados, do PT, do PMDB e PP, partidos da base aliada do governo. Veja não publicou cópia do depoimento, apenas informações apuradas sem identificação das fontes. Mesmo assim, a publicação de nomes teve repercussão imediata na imprensa e no mundo político.
Os citados como beneficiários do esquema são o ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, do PMDB do Maranhão; o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, atual candidato ao governo do Rio Grande do Norte; o presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas; os senadores Ciro Nogueira, do PP do Piauí, e Romero Jucá, do PMDB de Roraima. Entre os deputados estão o petista Cândido Vaccarezza, de São Paulo, e João Pizzolatti, do PP de Santa Catarina. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, do PP, é outro apontado no depoimento, segundo a Veja.
Segundo a revista, da lista de três governadores, todos são de estados onde a Petrobras tem grandes projetos em curso: Sérgio Cabral, do PMDB, ex-governador do Rio; Roseana Sarney, do PMDB, atual governadora do Maranhão; e Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República pelo PSB, morto no mês passado, e substituído na candidatura por Marina Silva.
A reportagem também afirma que Paulo Roberto admitiu pela primeira vez que empreiteiras contratadas pela Petrobras tinham, obrigatoriamente, que contribuir para um caixa paralelo para partidos e políticos de diferentes legendas da base aliada do governo. E que, no PT, o operador encarregado de fazer a ponte com o esquema era o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. A revista não revelou se Paulo Roberto citou os nomes das empreiteiras.
Ainda de acordo com a reportagem, Paulo Roberto afirmou que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, serviu para abastecer o caixa de partidos e para pagar propina aos envolvidos na transação.
Os jornais O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo também publicaram reportagens sobre o assunto neste sábado. Folha e Estado de S. Paulo trouxeram mais um detalhe. Paulo Roberto Costa teria dito no depoimento que políticos ficavam com 3% do valor dos contratos na época em que ele era diretor da Petrobras.
Paulo Roberto foi diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras entre 2004 e 2012 durante os governos Lula e Dilma. Nesse período, a Petrobras foi dirigida por José Sergio Gabrielli e Graça Foster, atual presidente.
Procuradores e delegados não comentam a delação. Tudo o que foi revelado por Paulo Roberto está coberto de sigilo e cuidado: os depoimentos são filmados e guardados em um cofre. E os arquivos dos depoimentos por escrito são criptografados, ou seja, transformados em códigos para evitar a leitura de pessoas de fora da investigação. Isso, no entanto, não impede vazamentos, já que muitas pessoas tiveram acesso, direta ou indiretamente, ao que foi delatado.
A parte do depoimento que cita políticos será enviada à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal, que têm competência para investigar autoridades com foro privilegiado.
O Jornal Nacional ouviu quase todas as pessoas citadas na reportagem. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, do Senado, Renan Calheiros, os deputados Cândido Vaccarezza, João Pizzolatti, e o senador Romero Jucá, o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, o secretário nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, e a direção do PSB consideram as denúncias descabidas e negaram com veemência as acusações. Afirmaram que nunca receberam dinheiro de Paulo Roberto.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e o senador Ciro Nogueira não responderam à nossa reportagem. Mas à Veja também negaram envolvimento.
O ex-presidente Lula, o ex-deputado Mario Negromonte, a Petrobras, o PMDB e o PP não se manifestaram.
fonte http://marrapa.com/
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