Ricardo Setti
No país da piada pronta, não é de estranhar nada o cinismo empedernido e escancarado na política, mesmo quando ele é ridículo.
Vejam a declaração feita ao jornalista Bernardo Mello Franco pelo marqueteiro Elsinho Mouco, que faz a campanha do candidato de Lula e Dilma ao governo do Maranhão, Lobão Filho:
– Um ciclo se encerra com a aposentadoria do presidente Sarney e a saída de Roseana [Sarney do governo do Maranhão. Ela decidiu não se candidatar ao Senado e sem cargos eletivos nos próximos quatro anos.] Agora começa a renovação.
Renovação!!!
Renovação???
Lobão Filho, senador biônico (suplente do próprio pai, em exercício há quatro anos, sem ter obtido um só voto) é filho do atual e duas vezes ministro das Minas e Energia, Edison Lobão.
Edison Lobão tem mais de 30 anos de vida política, e antes de ser ministro de Lula e Dilma — com credenciais técnicas altamente contestáveis, já que sua formação é de jornalista e jamais atuara na área — foi deputado, governador do Maranhão e duas vezes senador.
E tudo isso pelas mãos de quem?
Lobão era um jornalista político simpático à ditadura que cobria as atividades do Congresso, em Brasília, e sempre foi próximo do hoje senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), que manda no Estado há meio século.
Foi pelas mãos de Sarney que entrou na política, deixou o jornalismo, tornou-se dono de uma rede de veículos de comunicação no Maranhão e aos poucos galgou os degraus da carreira.
O filho, agora, se apresenta como “renovação”. Deve ser por isso que ele esconde, na campanha, tanto Sarney como o próprio pai.
É o Brasil.
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