Primo do ex-goleiro Bruno diz que corpo de Eliza foi enterrado perto do aeroporto de BH

Eliza Samudio em foto de 18/08/2009
Eliza Samudio em foto de 18/08/2009
O primo do goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, Jorge Rosa Sales, revelou nesta quinta-feira que o corpo da ex-modelo Eliza Samudio está enterrado num terreno próximo ao Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Em entrevista à Rádio Tupi, Jorge afirmou que Eliza foi torturada e morta por asfixia na casa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Ela foi enrolada num lençol e colocada dentro de um saco lacrado antes de ser levada até o local. Jorge, que era menor na época do crime, contou que Macarrão estava junto e conhecia bem a região para onde o corpo de Eliza foi levado.
— Ela não foi esquartejada. Só cortaram a mão dela. O corpo ficou inteiro — afirmou Jorge, acrescentando que o corpo foi transportado até o cemitério clandestino no porta-malas de um EcoSport.
O relato foi feito ao repórter Marcos Marinho. Segundo o jornalista, Jorge revelou como se chega ao terreno.
— O local fica próximo ao aeroporto. Antes de chegar ao local, passa um retorno, depois de três ruas, entra numa estrada de chão. É um lugar distante. Ela foi enterrada perto de um pé de coqueiro grande e único dentro do terreno. Mesmo se não tiver mais esse pé de coqueiro no local, eu sei onde ela (corpo de Eliza) está. O buraco onde ela foi enterrada foi feito por uma retroescavadeira para dificultar a localização do corpo — afirmou Jorge.
Jorge Luis, primo do goleiro Bruno. Imagem de 24/02/2013
Jorge Luis, primo do goleiro Bruno. Imagem de 24/02/2013
Jorge disse que ficou segurando o bebê enquanto Eliza era assassinada. Ele disse que não tinha como correr para pedir ajuda:
— Eu estava em Belo Horizonte e não sabia que aquilo ia acontecer. Eu não conhecia aquele lugar. Como eu ia sair para pedir ajuda? Como eu ia sair do local correndo? Não pude fazer nada porque o Bola é um psicopata, mata fácil. Fiquei com medo de sair para pedir ajuda — afirmou, negando a participação do goleiro no sequestro e na morte da ex-modelo.
Questionado porque só revelou a história depois de quatro anos, ele respondeu:
— Eu não sabia a pessoa certa para eu confiar para contar isso. Eu pensei muito. Me coloquei no lugar dela. De fazerem alguma coisa comigo. Isso não vai aliviar a pena do Bruno. Quero fazer a minha parte, mostrar onde ela está.
Ele disse que não ganhou dinheiro para participar do sequestro de Eliza Samudio.
Macarrão conversa com advogados no quarto dia de júri
Macarrão conversa com advogados no quarto dia de júri
De acordo com Jorge, o outro primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, que participou da reconstituição do crime e foi assassinado em 2012, teria sido morto por causa da morte da ex-modelo. Ele culpa Macarrão pela morte de Sérgio.
— Ele falou demais — disse Jorge.
Desde o início do caso, Jorge mudou várias vezes de versão para o crime, e disse à Tupi ter mentido por orientação de seu então advogado, identificado como Elieser:
— Eu falando a verdade, eles não iam me soltar. Eu inventava uma história atrás da outra. Foi muita pressão em cima de mim.
PRISÃO DO GOLEIRO BRUNO
O goleiro Bruno chora durante seu julgamento em Minas Gerais. Ele foi condenado a 22 anos de prisão. Foto de 08/03/2013
O goleiro Bruno chora durante seu julgamento em Minas Gerais. Ele foi condenado a 22 anos de prisão. Foto de 08/03/2013
Bruno foi preso em 2010, junto com o amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, ambos acusados de sequestrar e matar Eliza Samudio, ex-amante do então goleiro do Flamengo.
No dia 8 de março do ano passado, o ex-jogador foi condenado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, além de sequestro e cárcere privado de seu filho com a Eliza, Bruninho. Com isso, o ex-jogador foi condenado a 22 anos e três meses de prisão.
De acordo com a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do Fórum de Contagem, em Minas Gerais, Bruno, a quem classificou de mandante do crime, demonstrou ser uma pessoa “fria, violenta e dissimulada”. O ex-goleiro não poderá recorrer em liberdade.

Por causa do benefício da progressão de regime, a tendência é que a partir de 2017 ele possa entrar com recurso para o regime semi-aberto, pois já cumpre pena há quatro anos na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.
O Globo

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