A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) concedeu esta semana uma entrevista ao jornalista Ricardo Marchesan, do UOL, e confessou com a maior naturalidade as práticas ilícitas do partido na captação e distribuição de propina para financiar o " processo eleitoral" do PT. A senadora citou como exemplo seu companheiro de partido, João Vaccari Neto, preso na Lava Jato. A petista assumiu que seu partido cometeu erros e está pagando caro por eles politicamente.
A expressão "cometeu erros" em conjunto com o parecer de que o partido está "pagando caro" é sintomática.
A senadora assume abertamente que os membros do PT que se envolveram em corrupção, mas justifica que não o fizeram para enriquecimento ilícito, mas por questões de financiamento de campanha eleitoral.
Gleisi acha importante fazer essa diferença, ainda que os erros devam ser reconhecidos. Roubar para bancar as campanhas de membros do partido é algo bem mais nobre que roubar em benefício próprio, como Dirceu e Lula.
"Todos do PT que foram de certa forma denunciados, ou inquéritos abertos, ou mesmo que estão presos, o estão não por desvio de recurso para contas particulares na Suíça, não por desvio de recursos para compra de bens, não por desvio de recursos para propina para distribuir dinheiro. Todos estão envolvidos com processo eleitoral", confessou a senadora.
"Eu acho que essa separação é importante fazer. Não estou dizendo que nós não temos erros, que nós não temos que pagar por eles. E acho que estamos pagando caro. Tanto do ponto de vista penal, criminal, e vamos pagar do ponto de vista político, já estamos pagando. Mas é importante fazer essa diferença", disse.
Gleisi Hoffmann não fez nenhum comentário sobre o inquérito contra ela no Supremo Tribunal Federal, no âmbito da Operação Lava Jato.
O que é mais impressionante no vídeo é a naturalidade com que a Senadora aborda o uso de propina nas campanhas eleitorais. É claro que a maior parte dos brasileiros já sabia que há no partido uma cultura em que é plenamente justificável roubar em nome de um projeto de poder. Esta prática é tida como um "código de honra" no PT, onde quanto mais o integrante rouba e desvia recursos para as campanhas, mais chances ele tem de figurar na galeria de heróis do partido.
Mas a experiência de ver o depoimento de uma senadora confessando tudo isso em vídeo e impressionante. Gleisi Hoffmann é uma senadora em exercício, integrante da alta cúpula do partido e extremamente íntima de Dilma e Lula. Não há como duvidar da "credibilidade" de suas informações.
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