Presidente do Conass ( Conselho Nacional de Secretários de Saúde), o secretário maranhense Carlos Lula assinou um documento em que a entidade aponta uma série de medidas restritivas imediatas para frear o avanço da Covid no Brasil. Porém, o governador do Maranhão fez pouco caso das sugestões.
Para evitar o colapso das redes pública e privada de saúde diante do aumento dos casos de Covid-19 no país, os secretários de Saúde apontaram a proibição de eventos presenciais, como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas, bem como a suspensão de aulas presenciais nas escolas públicas e privadas, além de fechar bares e praias, toque de recolher a partir das 20h até às 6h e durante finais de semana. Dino, até agora, não acatou nem 30% das sugestões.
O documento foi apresentado ao país no mesmo dia em que Flávio Dino reuniu representantes de poderes, MP, prefeitos da Região Metropolitana e de Imperatriz, para tomada de enfrentamento ao novo coronavírus. Para decepção de Carlos Lula, seu chefe Dino não considerou a posição de seu secretário.
O caso se assemelha ao posicionamento do presidente Bolsonaro e o seu então ministro de Saúde, Luis Henrique Mandetta, travou uma luta contra a teimosia do chefe da Nação. Mandetta tornou pública seu entendimento e o defendeu até ser exonerado.
Ao contrário, Carlos Lula, ao que parece, prefere a humilhação a ter que perder o cargo. Confira abaixo a íntegra do documento:
“CARTA DOS SECRETÁRIOS ESTADUAIS DE SAÚDE À NAÇÃO BRASILEIRA
O Brasil vivencia, perplexo, o pior momento da crise sanitária provocada pela COVID-19. Os índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, estados e municípios. Até o presente momento, mais de 254 mil vidas foram perdidas e o sofrimento e o medo afetam o conjunto da sociedade.
A ausência de uma condução nacional unificada e coerente dificultou a adoção e implementação de medidas qualificadas para reduzir as interações sociais que se intensificaram no período eleitoral, nos encontros e festividades de final de ano, do veraneio e do carnaval. O relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial.
O recrudescimento da epidemia em diversos estados leva ao colapso de suas redes assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de se propagar a todas as regiões do Brasil. Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser revertido em curto prazo.
O atual cenário da crise sanitária vivida pelo país agrava o estado de emergência nacional e exige medidas adequadas para sua superação. Assim, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) manifesta-se pela adoção imediata de medidas para evitar o iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde, a saber:
a) Maior rigor nas medidas de restrição das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos, incluindo a restrição em nível máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação no número de casos e óbitos. Para tanto, são necessárias:
b) O reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS, com aporte imediato aos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as medidas assistenciais necessárias ao enfrentamento da crise;
c) A implementação imediata de um Plano Nacional de Comunicação, com o objetivo de reforçar a importância das medidas de prevenção e esclarecer a população;
d) A adequação legislativa das condições contratuais que permitam a compra de todas as vacinas eficazes e seguras disponíveis no mercado mundial;
e) A aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio emergencial.
Entendemos que o conjunto de medidas propostas somente poderá ser executado pelos governadores e prefeitos se for estabelecido no Brasil um “Pacto Nacional pela Vida” que reúna todos os poderes, a sociedade civil, representantes da indústria e do comércio, das grandes instituições religiosas e acadêmicas do País, mediante explícita autorização e determinação legislativa do Congresso Nacional.
Carlos Lula
Presidente do Conass”
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