Justiça do RS determina bloqueio total dos bens do pai de Bernardo
Juiz ressaltou que é necessário esclarecimento sobre patrimônio do menino.
Decisão do TJ ainda retirou guarda de filha de madrasta e pai de Bernardo.
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A Justiça do Rio Grande do Sul acolheu no final da tarde desta sexta-feira (25) um pedido do Ministério Público Estadual (MP) e decidiu decretar o bloqueio total dos bens do médico cirurgião Leandro Boldrini, pai de Bernardo Boldrini, 11 anos, achado morto no dia 14 deste mês. A decisão é do juiz Marcos Luís Agostini, da 1ª Vara Judicial de Três Passos, no noroeste gaúcho, município onde o menino residia com a família.
Segundo o magistrado, a determinação é necessária até que seja esclarecido qual patrimônio pertencia a Bernardo, após a morte da mãe dele, Odilaine Uglione Boldrini, que, segundo a polícia, cometeu suicídio em 2010. O juiz ressaltou que há um processo de inventário com tramitação regular, no qual um imóvel foi arrolado.
De acordo com o Tribunal de Justiça, o mesmo imóvel já foi vendido, mas os valores foram utilizados na aquisição da casa onde a família residia até a morte de Bernardo. Com isso, o garoto teria direitos hereditários da parte que pertencia à mãe e que não foi objeto de inventário até o momento.
O MP ressaltou que o pedido de indisponibilidade dos bens foi tomado para impedir que o médico possa a vir a se desfazer do patrimônio do filho para custear sua defesa. "Além disso, se o pai, hoje suspeito, se tornar réu, por homicídio, ele pode ser considerado indigno para se tornar herdeiro do filho", explicou a promotora Dinamárcia Maciel, responsável pela solicitação.
Bernardo foi encontrado morto no dia 14 enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, a cerca de 80 km de Três Passos, onde morava com o pai, a madrasta e a meia-irmã. Ele estava desaparecido desde 4 de abril. O pai do menino, Leandro, a madrasta Graciele e a assistente social Edelvania Wirganovicz, amiga da mulher, estão presos temporariamente por suspeita de envolvimento no crime.
Justiça ainda retirou guarda de filha da madrasta de Bernardo
Em outra decisão, proferida na quinta-feira (24), a Justiça suspendeu o poder familiar de Leandro Boldrini e Graciele Ugulini sobre a filha deles, de um ano e cinco meses. A determinação acolheu outro pedido do MP para que o bebê fique com algum familiar com aptidão para o encargo ou colocada em família provisória substituta. Outra opção seria um lar de acolhimento.
Em outra decisão, proferida na quinta-feira (24), a Justiça suspendeu o poder familiar de Leandro Boldrini e Graciele Ugulini sobre a filha deles, de um ano e cinco meses. A determinação acolheu outro pedido do MP para que o bebê fique com algum familiar com aptidão para o encargo ou colocada em família provisória substituta. Outra opção seria um lar de acolhimento.
Conforme decisão do juiz Fernando Vieira dos Santos, está em análise a situação do contexto da família da menina para, posteriormente, ser definida a guarda provisória da criança. A defesa de Graciele informou que a menina está com uma irmã dela. O advogado da madrasta, Vanderlei Pompeo de Mattos, também ingressou na Justiça com um pedido para que a guarda provisória da criança fique com a irmã para "preservar os laços familiares".
De acordo com a promotora Dinamárcia Maciel, a ação é fundamentada em dois motivos. "O primeiro é que os pais da menina são suspeitos do assassinato de seu irmão, Bernardo Uglione Boldrini. Caso isso seja realmente confirmado e o MP venha a denunciá-los, ainda que obtenham liberdade durante o processo, não é seguro para a criança permanecer com eles", explicou. O segundo argumento do MP é verificar se os avós da menina apoiam os atos praticados pelo casal. Nesse caso, eles também não estariam aptos a ficarem com a neta.
Perícia analisará materiais
Nesta sexta-feira (26), os materiais colhidos no local onde o corpo de Bernardo foi enterrado serão examinados em Porto Alegre. Um grupo de técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) realizou uma análise em Três Passos e Frederico Westphalen. Resultados serão encaminhados à delegada responsável pelo caso Caroline Virginia Bamberg.
Nesta sexta-feira (26), os materiais colhidos no local onde o corpo de Bernardo foi enterrado serão examinados em Porto Alegre. Um grupo de técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) realizou uma análise em Três Passos e Frederico Westphalen. Resultados serão encaminhados à delegada responsável pelo caso Caroline Virginia Bamberg.
Em entrevista coletiva, dois peritos informaram que durante o trabalho não foram encontrados vestígios de soda cáustica nos carros que, segundo a Polícia Civil, levaram o menino pouco antes do assassinato.
A informação do uso de soda cáustica partiu de um depoimento que teria sido dado por Edelvania. Segundo a polícia, a assistente social disse que a madrasta colocou a substância no corpo do menino para acelerar a decomposição antes de enterrar a criança, sem saber se estava morta. A suspeita ganhou força quando foram constatadas substâncias brancas nos veículos durante a perícia realizada à tarde. No entanto, segundo os técnicos, uma era um fungo, e outra ainda passará por análise, mas é possível afirmar que não se trata de soda cáustica. Amostras de terra também serão analisadas.
A entrevista foi concedida pelos peritos Adriana Denardin e Evandro Gomes. Eles iniciaram a perícia em frente à residência onde a criança morava. De lá, andaram pelo caminho que a polícia acredita que Graciele tenha percorrido para levar o menino ao local do crime. Entre os pontos visitados estavam uma loja de peças para automóveis, o posto de combustíveis onde foram gravadas imagens da madrasta junto com o menino encontrando Edelvania.
Segundo a polícia, os vídeos mostram o momento em que a caminhonete preta estacionou com a madrasta e Bernardo no dia 4 de abril. Os dois desceram e encontraram Edelvania, que aguardava em um restaurante. Em seguida, os três entraram no veículo prata e foram embora. Horas depois, o carro retornou e Bernardo não estava mais com as duas mulheres.
Os peritos também analisaram a cova onde foi encontrado o corpo do menino, e não descartam que o buraco possa ter sido cavado por uma mulher. Ainda de acordo com os peritos, o prazo para o trabalho ser concluído pode passar de 60 dias.
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Entenda
Bernardo foi visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
Bernardo foi visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.
"O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada", relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do CRBM. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.
O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. Na segunda-feira (14), o corpo do garoto foi localizado em Frederico Westphalen. De acordo com a delegada Caroline Virginia Bamberg, responsável pela investigação, o menino foi morto por uma injeção letal, o que ainda precisa ser confirmado por perícia. A delegada diz que a polícia tem certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino, mas resta esclarecer como se deu a participação de cada um.
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