Renan Calheiros é indiciado pela primeira vez em ação da Lava Jato


O presidente do Senado foi denunciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro pela contratação de empresa prestadora de serviços da Petrobras.

Letícia de Oliveira
Brasília, DFResultado de imagem para fotos de renan calheiros


Uma semana após enfrentar um ministro do Supremo em uma tumultuada batalha política e jurídica, o presidente do senado, Renan Calheiros, voltou ao foco das atenções. Ele foi denunciado, na segunda-feira (13), pelo procurador-geral da República por corrupção ativa e lavagem de dinheiro pela contratação de uma empresa prestadora de serviços da Petrobras.
O caso deriva da Operação Lava Jato. O Supremo Tribunal Federal precisa aceitar a denúncia da Procuradoria para que Calheiros e, além dele, o deputado Anibal Gomes, do PMDB do Ceará, tornem-se réus.
Essa é a primeira denúncia contra Renan Calheiros dentro das oito investigações contra ele na Operação Lava Jato. A Procuradoria-Geral da República acusa o presidente do Senado de receber propina disfarçada de doações de campanha. Os pagamentos, segundo a denúncia, partiram da empresa Serveng Civilsan.
O Ministério Público afirma que, em 2010, em troca de contratos com a Petrobras, a Serveng repassou R$ 800 mil em duas parcelas ao diretório nacional do PMDB, que mandou o dinheiro para o comitê de campanha de Renan Calheiros em Alagoas. Depois, ainda segundo o Ministério Público, esse dinheiro foi repassado ao próprio Renan.
Na denúncia, apresentada ao Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República afirma que a propina disfarçada de doação eleitoral foi repassada a Renan Calheiros por causa da relação dele com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. Costa, que segundo a PGR, tinha o apoio político de Renan e do deputado Aníbal Gomes, do PMDB-CE, agiu para facilitar participação da Serveng em licitações da Petrobras.
Não foram identificadas doações à campanha de Aníbal Gomes nem ao diretório do PMDB cearense. Mas, segundo a denúncia, o deputado era o interlocutor de Renan e houve o pagamento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro mediante doações oficiais da Serveng a Renan por intermédio de Aníbal Gomes. O deputado e o diretor comercial da empresa, Paulo Twiaschor, também foram denunciados.
Em delação premiada, Paulo Roberto Costa contou que o deputado Aníbal Gomes o procurou várias vezes pedindo favores em nome de Renan. Em troca, Renan garantiria a permanência dele no cargo de diretor de abastecimento da Petrobras.
Além da perda do mantado, o Ministério Público quer que Renan Calheiros e Aníbal Gomes paguem uma multa de R$ 1,6 milhão: R$ 800 mil em relação à propina que teriam recebido e outros R$ 800 mil como indenização, para reparação de danos materiais. Os dois têm que apresentar a defesa ao Supremo, que depois decide se eles viram réus ou não.
Em nota, Renan disse que jamais autorizou ou consentiu que o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa falasse em seu nome e que suas contas eleitorais já foram aprovadas.
Aníbal Gomes disse, por telefone, que "não fez nada de errado e apenas intermediou uma audiência para um advogado com o então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa."
Em nota, a Serveng disse que recebeu com surpresa e indignação as notícias dando conta de que um de seus funcionários foi também denunciado e que alegação de que a Serveng Civilsan fez doações eleitorais com o fim de "participar de licitações mais vultosas na Petrobras" não faz qualquer sentido.

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