Desembarque do PMDB deve provocar “efeito cascata” e estimular decisão de PP, PTB e PSD
Com apoio de dois terços do Diretório Nacional do PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), desembarca nesta segunda-feira (28) em Brasília para finalizar a articulação que deve levar o principal partido da base aliada a romper com o governo da presidente Dilma Rousseff.
A decisão deve ser selada nesta terça-feira (29), quando a cúpula do partido se reúne. De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, o PMDB já contabiliza pelo menos 75 votos a favor da decisão de deixar o governo. A decisão será tomada por 127 votantes do partido.
Na manhã da última quarta-feira (23), a presidente Dilma declarou que o governo “tem muito interesse” que o PMDB permaneça na base aliada do Planalto.
— Nós queremos muito que o PMDB permaneça no governo. Tenho certeza que meus ministros têm compromisso com o governo.
Na última tentativa para segurar o afastamento do partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente José Sarney. A presidente também reuniu os sete ministros do governo que pertencem à sigla para fazer mais um apelo.
Se optar pelo desembarque do governo, o PMDB seguirá o rumo já tomado pelos diretórios do partido em Santa Catarina, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo. Somente a bancada do PMDB fluminense conta com 12 deputados na Câmara e sempre foi considerada estratégica para barrar o impeachment no Congresso.
A saída do maior partido da base aliada, que conta com 69 parlamentares na Câmara dos Deputados, deve provocar um efeito cascata e culminar no desembarque de outras três siglas do governo: PP, PTB e PSD.
Auxiliares da presidente classificam a decisão do partido do vice-presidente Michel Temer como irreversível e chegam a falar que "só um milagre" faria os peemedebistas mudarem de ideia. Eles não descartam também uma debandada dos demais partidos da base aliada.
Para um ministro do PT, os próximos 15 dias vão definir se Dilma continua ou não na Presidência. Com o desembarque do PMDB, a ordem é atuar no varejo para conquistar deputados. Hoje, o cálculo é que o governo não tem os 171 votos necessários para barrar o impeachment e que seria muito difícil parar processo depois que ele chegar ao Senado.
Ao abandonarem o governo, as siglas tendem a liberar seus parlamentares para votarem como quiserem no processo de impeachment.
Com 21 cadeiras na Câmara dos Deputados, o PRB (Partido Republicano Brasileiro) foi o primeiro partido a anunciar o desembarque do governo.
Outra sigla que cogita romper as relações com o Planalto é o PDT, que tem 20 cadeiras na Câmara. O presidente do partido, Carlos Lupi, no entanto, disse que a sigla só vai analisar a questão após a votação do impeachment.
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