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Flavio Tavares – Junior Lago /Fotoarena/Folhapress – Marcelo Chello/CJPress/Folhapress Bolsonaro, Lula e Marina têm 17%, 34% e 9% das intenções de voto respectivamente, segundo Datafolha
O que esperar da eleição do ano que vem? Nunca foi tão difícil responder a esta pergunta —pelo menos desde 1989, quando os brasileiros voltaram a votar para presidente.
As últimas seis disputas foram dominadas pela polarização entre PT e PSDB. Os tucanos venceram as duas primeiras, com Fernando Henrique Cardoso. Os petistas faturaram as quatro seguintes, com Lula e Dilma Rousseff.
Agora o cara ou coroa parece mais distante de se repetir. O principal motivo é a Lava Jato, que chacoalhou o sistema político e lançou uma nuvem de incerteza sobre o futuro dos dois partidos.
O ex-presidente Lula lidera as pesquisas com folga, mas não sabe se poderá ser o candidato do PT.
Seu futuro começará a ser decidido no próximo dia 24, quando o Tribunal Regional Federal julgará o caso do tríplex.
No PSDB, o problema é a seca de votos. O governador Geraldo Alckmin enfrenta a divisão dos aliados e amarga um modesto quarto lugar no Datafolha. O senador Aécio Neves, que esperava virar o ano como favorito, foi triturado pelos grampos da JBS.
Até aqui, o principal beneficiário da crise tucana é o deputado Jair Bolsonaro. Com discurso radical, ele tirou a ultradireita do armário e se isolou em segundo lugar nas sondagens.
Ainda não é possível saber se sua candidatura terá fôlego. O ex-capitão vestirá a farda de um partido nanico e precisará enfrentar o contraditório, ausente do palanque das redes sociais.
A urna eletrônica também deve incluir os nomes de Marina Silva, da Rede, e Ciro Gomes, do PDT. Eles tentam encarnar o desejo de mudança, mas são velhos conhecidos do eleitor. Ambos vão disputar a Presidência pela terceira vez.
O governo hesita entre apoiar o governador paulista e lançar um azarão, como Henrique Meirelles. O ministro da Fazenda só pensa naquilo, mas hoje não passa de 2% das intenções de voto.
Com Lula no páreo e Alckmin comendo poeira, o establishment ainda pode insistir na fabricação de um outsider. A última tentativa, com o apresentador Luciano Huck, parece ter sido derrotada por W.O. O prefeito João Doria, que se insinuou para o mesmo papel, tropeçou na própria afobação.
Se Lula for impedido de concorrer, seus ex-ministros Ciro e Marina podem voltar ao jogo. O petismo não tem um substituto natural para seu maior líder. Fernando Haddad e Jaques Wagner estão longe de serem figuras nacionais. Joaquim Barbosa, o ex-ministro do Supremo, também pode entrar na disputa pelo PSB.
No ritmo atual da política, o cenário ainda pode sofrer muitas reviravoltas até o registro das chapas, em agosto de 2018. Mas que ninguém se desespere com a dificuldade para prever o futuro. No Brasil, já ensinou o ex-ministro Pedro Malan, até o passado é incerto.
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