O ministro Gilmar Mendes chegou ao Supremo Tribunal Federal há pouco mais de 15 anos, após passar pela Advocacia-Geral da União no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi indicado para a corte máxima da Justiça brasileira em 2002. Desde então, seja como ministro do Supremo, seja como integrante do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), do qual hoje é presidente, Gilmar Mendes coleciona decisões controversas. Ao mesmo tempo, é questionado por manter relações pessoais com políticos e empresários cujos casos é responsável por julgar. O magistrado rebate as críticas dizendo que seu gosto pela política é republicano e suprapartidário, sem que interfira em suas sentenças. ”
O que leva o ministro a ter decisões tão controversas, cumplicidade ou aplicação da Lei? O ponto principal que sempre deixam qualquer um em duvida e a ligação pessoal do Ministro para com a queles que recebem suas bençãos. Nesta semana os procuradores Carlos Fernando Santos Lima e Deltan Dallagnol, integrantes da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, criticaram as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que beneficiaram a ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo, o governador do Paraná, Beto Richa, e quatro parlamentares. O principal alvo dos ataques foi o ministro Gilmar Mendes.
“Hoje Gilmar Mendes encarnou o próprio papai noel. Pena que mais uma vez o presenteado não seja a população brasileira”, chegou a escrever Carlos Fernando, no Facebook.
Em decisão individual na segunda-feira, Gilmar atendeu ao pedido da defesa de Adriana Ancelmo e converteu a prisão preventiva dela em prisão domiciliar. Ela estava presa desde 23 de novembro.
Em outra decisão monocrática, o ministro decidiu suspender o inquérito em que Richa é investigado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa dois.
“Agora, temos mais que o foro privilegiado, Gilmar reconheceu o privilégio de não ser sequer investigado”, postou Carlos Fernando.
As investigações eram baseadas na delação de Luiz Antônio de Souza. O delator disse que um grupo de auditores da Receita do Paraná cobrava propina de empresários para aliviar o pagamento de tributos e que parte do suborno teria sido repassado à campanha de Richa para governador em 2014.
“Infelizmente Gilmar Mendes impediu a continuidade da investigação — ao que parece em contrário ao próprio STJ — o que significa que o conhecimento ou não dessa corrupção pelo governador não pode ser investigada. Não investigar uma autoridade com base em uma corrupção admitida por um colaborador é absurdo”, criticou o procurador.
“É um absurda a suspensão da investigação do governador Beto Richa pelo ministro Gilmar Mendes. É o velho sistema de justiça criminal disfuncional mostrando as garras da impunidade”, escreveu Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa.
Também na segunda-feira, a Segunda Turma do STF rejeitou as denúncias contra o deputado Arthur Lira (PP-AL), seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL), e deputado Eduardo da Fonte (PP-PE). Os três eram acusados de envolvimento em irregularidades na Petrobras, no âmbito da Lava-Jato. Fora da Lava-Jato, a segunda turma também arquivou a denúncia contra o deputado José Guimarães (PT-CE), acusado de ter atuado para liberar um financiamento no Banco do Nordeste.
Nos quatro casos, o relator, ministro Edson Fachin foi favorável à aceitação da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli votaram pela rejeição. Com as ausências de Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, as denúncias acabaram arquivadas.
“Hoje, os ministros do Supremo Dias Toffoli e Gilmar Mendes soltaram Adriana Ancelmo, salvaram Beto Richa de investigação e livraram de se tornarem réus o senador Benedito de Lira e os deputados Arthur Lira, Eduardo da Fonte e José Guimarães. Ficou vencido o relator dos casos, quem melhor os conhecia, o ministro Fachin”, atacou Dallagnol.
fonte NBO
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