Por tudo que representa, com seus méritos, virtudes, acertos e erros, José Sarney ainda vai continuar sendo, por muitos anos, isso que ele é: o maior político do Maranhão de todos os tempos e um dos maiores do país.
Sou daqueles que acham que deve-se dar a César o que é de César quando César está vivo e não depois de morto.
Afirmo isso porque é muito comum as pessoas reconhecerem os méritos dos outros só depois de mortos.
Não há menor sombra de dúvidas de que quando a vida deixar o ex-presidente José Sarney vão jorrar elogios a sua biografia. Os adversários, ainda que hipocritamente, serão os primeiros a reconhecer as qualidades desse que é o mais importante político do Maranhão e um dos maiores da história do país.
Pois bem. Resolvi escrever este post porque aprendi a respeitar e admirar o velho José Sarney. Não é possível uma pessoa com o mínimo de inteligência desconhecer o papel que o Sarney teve e tem na política nacional.
Ora, um cara sair das sertanias da Baixada Maranhense e chegar a Presidência da República por si só já é suficiente para ser respeitado. E não adianta minimizar a sorte do Sarney por conta do azar do Tancredo. Negativo! Se virou presidente do país é porque soube construir o seu caminho e aproveitar de forma inteligente as oportunidades que a vida lhe deu.
Fico impressionado quando vejo pessoas como Flávio Dino, Márcio Jerry, e outros com biografias parecidas, atacarem o Sarney como se tivessem a estatura política do ex-presidente. Atacam uma autoridade que recebe, na sua residência, lideranças políticas de tudo que é partido e de todas as matizes ideológicas. É ridículo, portanto, no afã de posar de “antissarney”, agredirem uma pessoa que é respeitada inclusive por lideranças das esquerdas do Brasil e vários países do mundo!
Lula, o maior líder popular e de esquerda das últimas décadas, percebeu a importância de José Sarney. Não é por acaso que a relação dos dois é quase de compadres e se respeitam mutuamente.
E engana-se quem pensa que a relação respeitosa do petista com o peemedebista se dá com a chegada de Lula ao Palácio do Planalto em 2003.
Em 1994, salvo engano, Sarney escreveu um artigo para a Folha de São Paulo intitulado “A Lula o que é de Lula”. Foi uma defesa que o então senador fez do Lula que na época era acusado pela direita de ser sustentado pelo empresário Roberto Teixeira.
Esse artigo fez com que o então presidente do PT e deputado federal José Dirceu mobilizasse a bancada do partido, na Câmara, para fazer uma vista de agradecimento a Sarney. Vem daí essa aproximação do PT e do Lula com o ex-presidente.
Do Maranhão à República
A maior crítica que fazem ao Sarney é que ele não conseguiu usar todo o seu poder obtido na política nacional, inclusive enquanto presidente da República, para fazer do Maranhão um estado mais próspero.
Bom, isso não pode ser contestado pura e simplesmente, pois de fato Sarney poderia ter feito muito mais pelo Maranhão a partir da influência que teve em todos os governos federais desde a década de 60 até hoje.
Talvez o maior erro do ex-presidente tenha sido o de deixar o Maranhão para ganhar a República e passar o bastão político para prepostos e familiares seus fazer o que bem quisessem do estado. Deu no que deu!
Por conta dessa sua opção, Sarney é obrigado a conviver com a crítica de que o Maranhão possui os piores índices socieconômicos do Brasil mesmo sendo a terra de um dos políticos mais influentes da República.
De qualquer forma, Sarney tem seus méritos. Foi um bom governador, talvez o melhor dos últimos “50 anos”, cumpriu um papel fundamental na transição democrática do país, teve participação destacada como moderador em todas crises políticas desde que deixou a Presidência da República e continua sendo um líder carismático e com características de estadista, temos que admitir.
Por tudo o que representa, com seus méritos, virtudes, acertos e erros, o presidente José Sarney ainda vai continuar sendo, por muitos anos, mesmo depois da sua morte, isso que ele é: o maior político do Maranhão de todos os tempos e um dos maiores do país.
E por isso merece o nosso respeito.
Não é para qualquer um ser um Sarney.
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