As bochechas rosadas e sorriso de vó boazinha vão contra a fama da matriarca dos Vieira Lima na Bahia. Marluce Quadros Vieira Lima, a octogenária mãe dos irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima, avó de sete netos, é descrita por políticos baianos como uma mulher forte, que sempre controlou os negócios da família com pulso de ferro e que nem sempre teve papel de figuração nos escândalos de corrupção que envolveram a família nas últimas décadas. Antes de ser transferida para o ‘bunker’, parte dos R$ 51 milhões apreendidos estava escondida no closet de Marluce.
“É uma mulher muito forte, o esteio, a líder da família e quem cuida do dinheiro” — conta um parlamentar baiano.
TUDO EM FAMÍLIA – Segundo relatos, Marluce Quadros era herdeira de uma família de grandes fazendeiros e criadores de gado na região de Itapetinga (BA). Casou-se então com o ex-deputado Afrísio de Souza Vieira Lima, este ainda um político sem posses. E com ele teve três filhos: os políticos Geddel e Lúcio, e Afrísio Filho, que é diretor legislativo da Câmara Federal.
Quando Geddel já era um líder político de projeção em Brasília, o irmão, Lúcio, ajudava a mãe a cuidar dos negócios. Mas diante da tentativa do irmão de alçar voos mais altos, Lúcio foi lançado para a vaga na Câmara e dona Marluce voltou a administrar o patrimônio da família.
“Dona Marluce era de uma família muito rica. Ela mandava em tudo, administrava o dinheiro, dizia onde investir e como os filhos poderiam gastar. Era quem controlava tudo” — contou um baiano próximo à família dos Vieira Lima.
“ELE É DOENTE” – No auto de apreensão no apartamento de dona Marluce, ela defendeu Geddel, já preso: “Meu filho não é bandido, ele é doente”
O ex-assessor parlamentar Job Ribeiro Brandão contou, em depoimento à Polícia Federal, que recebia, para fazer contabilidade e sem saber a origem e o destino, dinheiro vivo das mãos de Geddel. A entrega ocorria na casa da mãe do ex-ministro.
Digitais de Job, que trabalhava para o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, foram achadas no “bunker” do ex-ministro em Salvador, onde eram guardados R$ 51 milhões.
NA CASA DA MÃE – No depoimento, prestado em 19 de outubro deste ano, Job, que está em prisão domiciliar, contou que havia duas formas pelas quais recebia dinheiro em espécie para contar. Uma delas era na casa da mãe de Geddel, o que teria passado a ocorrer com mais frequência a partir de 2010. Ele relatou que não recebeu dinheiro de Lúcio nessas circunstâncias, apenas de Geddel, e que não sabe a quem os valores eram remetidos.
Segundo o termo de depoimento, “o dinheiro era apresentado, em regra, em envelopes pardos e as somas giravam em torno de R$ 50.000,00 a R$ 100.000,00”. Além disso, “a contagem era feita, em regra, em sala reservada que funcionava como gabinete” e “o dinheiro vinha solto ou novo com fitas”.
Afirmou ainda que, desde os 21 anos, trabalha para a família Vieira Lima. Hoje, ele tem 49. O trabalho começou com Afrísio, pai de Geddel. Depois, passou a assessorar o próprio Geddel e, por fim, Lúcio. Segundo o depoimento, “em suas atividades como assessor o declarante costuma atuar na residência dos políticos, em Salvador, não tendo atuado nos gabinetes em Brasília”.
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