Polícia Federal indiciou a ex-deputada Aline Corrêa (PP-SP) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. A ex-parlamentar é filha do também ex-deputado Pedro Corrêa, delator do esquema de propinas instalado na Petrobrás.
“Entendo que há indícios de autoria e materialidade quanto à prática, por Aline Corrêa, do crime de lavagem de dinheiro e corrupção, uma vez que aderiu à conduta criminosa de Pedro Corrêa, Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, e tendo provido os meios materiais para a ocultação/dissimulação de recursos, recebendo recursos em espécie por determinação de seu pai, e tendo atuado para recebimento de recursos inclusive em benefício de sua campanha eleitoral de 2010 (no caso das doações realizadas por UTC e Constran)”, afirmou a delegada Renata da Silva Rodrigues, da PF
Paulo Roberto Costa relatou que Aline ‘deveria ter algum tipo de beneficio oriundo dos recebimentos do partido a partir da cota devida pelos contratos firmados no âmbito da Diretoria de Abastecimento da Petrobras’. Paulo Roberto Costa declarou que a ex-deputada ‘nunca’ havia pedido pessoalmente valores a ele, mas que lembrava de Aline ‘porque participava de algumas das reuniões com o grupo principal de dirigentes do PP, em razão de ser filha de Pedro Corrêa’.
A PF elencou no relatório os acessos de Aline a endereços comerciais do doleiro. Aline esteve, segundo os investigadores, em um escritório na Avenida São Gabriel, em São Paulo, por 15 vezes, de agosto de 2010 a setembro de 2012, e por 6 vezes, de agosto de 2013 a janeiro de 2014 no endereço da Rua Renato Paes de Barros.
Alberto Youssef declarou que Aline Corrêa ‘recebia um repasse mensal dos líderes do PP no montante de R$ 30 mil, oriundos dos recursos do caixa do Partido Progressista na Petrobrás’. O doleiro relatou que a ex-deputada ‘ia toda segunda ou sexta-feira’ a seus escritórios ‘para reclamar que seu pai e demais dirigentes do PP não estavam fazendo os devidos repasses’ e pedia que ele realizasse os repasses diretamente a ela.
Ouvida como colaboradora da Justiça, Aline Corrêa afirmou que esteve no escritório do doleiro ‘para pegar dinheiro a pedido de seu pai’.
“Esclarece, no entanto, que não sabe indicar os valores que recebeu diretamente de Alberto Youssef, mas sabia informar que era sempre dinheiro em espécie, acondicionado numa sacola de papel: que seu pai alegava que era um crédito que ele possuía junto a Alberto Youssef”, disse.
De acordo com o depoimento, Aline narrou que seu ‘papel’ limitava-se a receber o dinheiro, ‘sempre das mãos de Youssef, e guardar em seu flat até que seu pai passasse o pegasse lá’.
“Salienta que nunca utilizou os recursos recebidos de Youssef em seu próprio benefício, esclarecendo que eram sempre destinados a seu Pai: que esclarece também que era o seu pai quem cuidava da arrecadação de fundos para a campanha da depoente, a qual nunca se imiscuiu nesse assunto”, afirmou.
O relatório da PF afirma que ‘muito embora Aline, colaboradora da justiça, alegue que ia até o escritório de Youssef para retirar recursos que, na verdade, pertenciam a seu pai, fato é que a própria declarante confirma ter conhecimento de que a origem dos recursos era o esquema criminoso comandado pelo PP na Diretoria de Abastecimento da Petrobrás’.
“Admite, ainda, que cabia a seu pai gerenciar o os recursos de sua campanha eleitoral, embora não se “imiscuísse” nos assuntos financeiros de sua própria campanha”, narra a delegada Renata Rodrigues, da PF.
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